pássaros achados

Descobri outro dia esta imagem de Analu Prestes (Para onde voam os pássaros azuis? uma visão sua de Passárgada, o paraíso de Manoel Bandeira, lá onde "a existência : é uma aventura de tal modo inconsequente / que Joana a Louca de Espanha / rainha e falsa demente / vem a ser contraparente / da nora que eu nunca tive...", ou daquele verso mais conhecido "Vou-me embora para Passárgada / lá sou amigo do rei..."). Na verdade, já vinha seguindo discretamente o trabalho encantador desta artista - uma delicadeza só. E este é um fragmento de seu universo que pincei para com ele abrir a semana no blog. Um bom sinal, uma bandeira (sem trocadilho). Para onde voam os pássaros azuis?

E começo a semana bem animada. É que nesses tempos de atelier aberto e lançamento de Catálogo, vou me dando conta de outras descobertas. Uma delas: como é bom saber que alguém que comprou uma roupa que eu fiz experimenta, usa, gosta, se descobre bonita nela e aparece de novo querendo mais. Outra: como um trabalho que vai fluindo, se materializando em formas de tecidos, em cores, costuras, detalhes vem trazendo para perto gente que vem dividir comigo o seu carinho, sua individualidade.  Pois se a Analu permitir, esta imagem eu dedico a vocês que por aqui têm passado (algumas conheço pessoalmente, outras várias conheço pelas palavras e rastros que deixam neste blog e na minha caixa postal). Deixo também um poema, esse agora de Maiakóvski:

Não acabarão
com o amor,

nem as rusgas,

nem a distância.

Está provado,

pensado

verificado.

Aqui levanto solene

minha estrofe de mil dedos

e faço o juramento:

Amo

firme

fiel

e verdadeiramente.
 
[Tradução de E. Carrera Guerra]

Com gratidão

Adriana Franca


+ sobre Analu Prestes aqui e aqui.